terça-feira, 5 de agosto de 2014

O ANTICOMUNISMO E A ESQUERDA MILITAR NO BRASIL

O ANTICOMUNISMO E A ESQUERDA MILITAR NO BRASIL: UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA
Carlos Henrique Lopes Pimentel
RESUMO
O presente trabalho propõe um debate historiográfico sobre as práticas anticomunistas nas Forças Armadas Brasileiras e a existência de uma esquerda militar no país. Tal perspectiva baseia-se no entendimento que estas temáticas estão intimamente ligadas e se constituem como alicerces para a compreensão de importantes episódios da história republicana do Brasil, como os regimes de exceção de 1935-1937 e de 1964-1985, apesar de terem sido marginalizadas nos estudos históricos. A análise historiográfica versa sobre as obras Os Novos Bárbaros: Análise do Discurso Anticomunista do Exército Brasileiro, de José Roberto Martins Ferreira; Em guarda contra o “Perigo Vermelho”: o anticomunismo no Brasil (1917-1964), de Rodrigo Patto Sá Motta; A invenção do Exército brasileiro, de Celso Castro; A Esquerda Militar no Brasil e A Esquerda Militar no Brasil: da Coluna à Comuna, de João Quartim de Moraes; Um olhar à esquerda, de Paulo Ribeiro da Cunha.

Texto Completo: PDF-AQUI

Pedro e os lobos

Pedro e os Lobos é um livro de autoria do jornalista e historiador João Roberto Laque. Lançado em 2010, conta a biografia do ex-sargento da Força Pública Paulista Pedro Lobo de Oliveira em sua trajetória como guerrilheiro urbano nos Anos de Chumbo, executando ações pela VPR - Vanguarda Popular Revolucionária durante o regime militar no Brasil.
O livro, fruto de sete anos de pesquisas, entrevistas e viagens pelo Brasil 1 , descreve a história do guerrilheiro e militar Pedro Lobo de Oliveira, que nasceu em 28 de julho de 1931 no bairro de Favorita, município de Natividade da Serra, interior de São Paulo.

Nos anos 50, Pedro sai de sua cidade para fugir da miséria em direção a Mato Grosso, mas no caminho quase se torna escravo branco em uma plantação de bananas. Em São Paulo trabalha como servente de pedreiro, metalúrgico e acaba entrando para a Força Pública, hoje Polícia Militar. Contagiado pela luta ideológica o então sargento Lobo adere ao socialismo e passa a atuar no Partidão de Luís Carlos Prestes. Adere à tese da luta armada e se torna membro, junto com Lamarca, de uma das mais ativas organizações guerrilheiras que atuam no país durante os Anos de Chumbo, a VPR - Vanguarda Popular Revolucionária. Companheiro do lendário Capitão Carlos Lamarca e seguidor das ideias de Ernesto Che Guevara, após se expulso da PM, Pedro muda sua identidade para mergulhar de cabeça na luta contra a ditadura militar instalada em 1964.
Ele carrega no seu vasto currículo ações como ataques a bancos, invasões de pedreiras, um atentado a bomba contra o Quartel General do 2º Exército do bairro paulistano do Ibirapuera, segurança de Luiz Carlos Prestes, a invasão do Hospital Militar do Cambuci e a execução do capitão norte-americano Charles Rodney Chandler, que foi enviado para ensinar táticas de torturas aos militares brasileiros 2 .
O diado pelos militares por sua obstinação e bravura, o militante da VPR é preso e torturado nos cárceres da repressão política. Solto durante as negociações pela libertação do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben 3 sequestrado pela VPR e ALN, ele passará pela Argélia, Cuba, Chile e Argentina, antes de se fixar na Alemanha Oriental. Sobrevivente de uma guerra sem regras, Pedro volta ao Brasil com a anistia e é reintegrado à Polícia Militar. Hoje Pedro é capitão 4 .
Paralelamente, o livro também faz uma passagem pelos diversos grupos armados que enfrentaram a ditadura militar durante os Anos de Chumbo, relatando as histórias de sua formação e ações, com fatos envolvendo o capitão Carlos Lamarca, Luís Carlos Prestes, Leonel Brizola, Carlos Marighella, Mário Alves, João Amazonas e mais uma gama de guerrilheiros que enfrentraram a ordem imposta pelos generais. Comprar Livro

Um olhar a esquerda

Nelson Werneck Sodré representa, com imensa dignidade, uma vertente importante da interpretação marxista da sociedade brasileira. Sua obra é vasta, diversificada e coerente, com observações instigantes sobre a nossa história social, política, econômica, militar e cultural. Injustamente excluído dos grandes debates nacionais, ele agora está voltando a ser lido e iscutido por ma nova geração de cientistas sociais. O presente trabalho de Paulo Ribeiro da Cunha abre caminho para que esse processo de reexame crítico avance e se aprofunde, despreconceituosamente. Comprar Livro

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Esquerda militar no Brasil

Autor:

João Quartim de Moraes
É comum identificarmos os militares com a repressão aos movimentos sociais e o exercício ditatorial do poder político. Alguns importantes fatos historicamente mais recentes - como o golpe militar de 1964, a tragédia de Volta Redonda, a repressão à greve dos petroleiros e a recente 'qualificação' do batalhão de Campinas para reprimir os movimentos populares e sociais - são provas da presença ativa, política e repressora, das Forças Armadas nos rumos da política brasileira.
 Historiadores liberais situam na proclamação da República o início de um longo ciclo de intervenções militares na política. Preferem, claro, militares à moda inglesa ou estadunidense, massacrando povos e pilhando o planeta em nome da liberdade de comércio, mas sempre obedientes ao 'poder civil'. Sem dúvida, a república nasceu, entre nós, de um golpe militar, o que vai se repetir em 1964, em contraposição à política reformista do então presidente João Goulart.
 Como falar, então, de esquerda militar? Como explicar a inspiração moral e política dos jovens oficiais abolicionistas e republicanos que derrubaram o Império em 1889, dos ‘tenentes’ da década de 1920 e dos militares antiimperialistas da década de 1950? Como explicar a posição, ao longo dos anos de 1990, relativa à defesa da soberania nacional contra o rolo compressor do imperialismo estadunidense e de seus sócios, quando militares, embora longe de serem de esquerda, situam-se à esquerda dos governantes neoliberais?
 Em busca da resposta a essas questões, o autor encontra indícios da origem de um pensamento progressista entre os militares em vetores morais e políticos ainda no Império. A partir de então, registra as diversas e importantes participações progressistas militares em capítulos importantes da história do país no século 20, recuperando para a nossa memória histórica a existência de setores progressistas - e mesmo do que ele denomina esquerda militar - nas Forças Armadas. Comprar Livro

Militares e militância - Uma relação dialeticamente conflituosa

Sinopse - Cunha, Paulo Ribeiro da
É realmente bom para a democracia que os militares fiquem longe da política? Ou seria melhor reconhecer que as forças políticas estão tão presentes nos meios militares quanto nos demais setores da sociedade? Nesta obra, Paulo Ribeiro da Cunha assume uma posição polêmica ao defender que se reconheça e legitime a presença histórica da esquerda nas Forças Armadas Brasileiras. Ele analisa o longo período de militância dos militares de esquerda no país, dividindo-o entre a fase da “insurreição” – do fim do século 19, com os “republicanos radicais”, até 1945 – e a fase de intervenção dos militares nas grandes causas nacionais, que se estende até 1964.
No percurso, o autor revela aspectos ainda hoje pouco explorados acerca do assunto, ao investigar, por exemplo, a influência marxista nas fileiras do Exército, por meio da análise de periódicos quase desconhecidos, a presença do espírito revolucionário na insuspeita Marinha dos anos 1920 e a história do Antimil, a quase invisível organização comunista voltada para a militância no interior das Forças Armadas.
O estudo, enfim, procura demonstrar a presença da esquerda num meio em que vicejariam somente posições políticas direitistas, como sugere a truculência ainda viva na memória do país da ditadura militar (1964-1985). “Ao fazer a ponte entre momentos históricos do ponto de vista de setores armados não hegemônicos, mas decisivos para a definição dos rumos assumidos por graves crises políticas, o autor oferece ao leitor material para refletir estrategicamente sobre a presença dos militares na cena política contemporânea”, escreve  Renato Luís do Couto Neto e Lemos. Comprar Livro